sexta-feira, abril 20, 2018

Doctor Who, machismo, ódio e a nova Doutora, Jodie Whittaker

Ultimamente mais Whovians (pessoas que acompanham a série Doctor Who) têm conversado comigo pelo Instagram (@blogsabeoque). A maioria (vale ressaltar) está curtindo a série e suas novidades. Mas, contato com pessoas estranhas pelas redes sociais vocês já podem imaginar a desgraça que pode ser.

Pois bem, o assunto do momento entre fãs da série é a mudança desse ano, uma atriz (Jodie Whittaker) MULHER assumiu o papel de Doctor (que no inglês serve para ambos os sexos, vale lembrar) e alguns que se dizem fâs falam do descontentamento por essa mudança, disseminando o ódio e demonstrando seu lado machista escroto.




O tema é polêmico, então vou tentar discutir cada enfoque por partes:



1- Doctor Who é uma série que tem como premissa a mudança. 


É assim desde que o senhorzinho fofo (e retrógrado, já que nos anos 60 ele já era velhinho) foi substituído por outro ator dando início a esse detalhe da série chamado: regeneração. A regeneração foi um artifício criado para justificar a mudança do ator, que já estava cansado (pobrezinho), sem interromper uma série de sucesso que tinha ainda muito a ser explorada.

Imaginem o quanto os fãs da época discutiram essa mudança, o quanto foi difícil aceitar aquela "desculpa" ou "remendo" para manter a série. E de quantos ficaram maravilhados pela saída encontrada e comemoraram a continuação de Doctor Who, mesmo sem o William Hartnel.



Acontece, MEUS AMADOS, que a regeneração acabou sendo aproveitada para renovar o personagem. O novo Doutor, não veio para substituir o primeiro. Ele passou por uma mudança de personalidade. A TARDIS (sua nave) também acompanhou essa mudança e todos foram felizes. A solução serviu para manter Doctor Who no ar até 2018, mais de 55 anos depois dos primeiros episódios!


Ah! TARDIS 


2- Viúvos e viúvas são compreendidos! 


Sim, dá aquela tristeza dizer adeus para o nosso doutor preferido, mesmo que ele não seja o preferido, mas seja perfeito, como foi o Tennant (pra mim) ou maravilhoso como Capaldi. Mas, a série segue. Se você não entendeu, volte para o parágrafo anterior onde falo sobre mudança. A série é assim. E fã, Whovian de verdade, sofre mas não abandona, aceita e se apaixona (ou não) pelo próximo Doutor, torce para que a série siga firme, forte e linda. Vida longa ao Senhor do Tempo de Gallifrey.


Quando bate a saudade do Doutor preferido, a gente assiste de novo.

3- Se você não entendeu a mudança, você não está acompanhando a série. 


Parou no tempo em algum lugar do passado, e tá aí na internet falando besteira. Vai num bom site, baixa todas as temporadas não vistas e, como nós Whovians, tenha uma visão do todo, atualizada da série, e você vai entender. A mudança para uma Doutora era esperada. A deixa estava lá: Mestre que regenerou em Missy, O general de Gallifrey regenerando em Generala e seguindo o comando de uma batalha, sem problemas. Todos a sua volta apenas esperaram, aceitaram e seguiram suas ordens. Fora outros diálogos e episódios que deixaram isso muito claro.

Isso não é Spoiler, porque aconteceu há eras atrás!

Os senhores do tempo são uma raça evoluída, que não se param pra pensar em gênero. São todos pessoas da mesma raça, se homem ou mulher, não faz a menor diferença pra eles. Palavras do Doutor. O Mestre e a Missy dialogam sobre isso em um dos episódios, e ela nem tinha percebido que era mulher. É uma besteira, diante de uma série que fala em: viagem no tempo e no espaço, invasão de planetas pelas mais variadas formas de vida, um monte de absurdos de ficção científica e explicações estapafúrdias sobre um monte de coisas (a própria possibilidade de um ser regenerar), e apesar disso tudo, a pessoa questionar a mudança de homem para uma mulher.

Minha opinião e percepção dessas pessoas reclamando da mudança: não assistem mais a série, a maioria está falando sem saber e/ou se enquadram no tópico a seguir.


4- Uma dúvida, isso é machismo ou é homofobia também? 


Um pouco dos dois quem sabe? O Doutor já mudou 12 vezes, e até aqui tava tudo beleza. Foi ele "virar mulher" que o macharedo (e mulheres machistas também, porque não) se levantaram e começaram a reclamar. Por todos os motivos citados antes, a mudança é plausível, mais bem justificada que muitas outras questões na série. Não há problema quanto a isso. E se a pessoa assistiu tudo até aqui e agora viu um problema, desculpe seu trouxa/sua trouxa, você é machista, preconceituoso, e isso é muito feio.

9º Doutor e o Jack


Sem citar nomes, mas a pessoa vai saber que estou falando dela, azar (caso leia esse textão). Li um argumento que dizia "...é o mesmo que o Capitão América virar nazista". Veja bem, ele não disse que é o mesmo que o Capitão virar mulher, que poderia, um Capitão Trans até, eu não vejo problema. Ele disse "virar nazista". Se você não concorda que isso é muito, machismo e ódio envolvido - ou pelo menos tem algo muito errado -, larga o texto, vai fazer outra coisa da vida, você é um caso perdido.

Não é possível comparar uma coisa hedionda com uma mulher simplesmente porque foge de um padrão que já é ultrapassado. Estamos em 2018 e ainda temos que discutir isso. É deprimente!


5- Sobre a modernização da série! 


O novo look delas: Tardis e 13ª Doctor
Está lá no início do texto, mas vou repetir: O Doutor é um senhor do tempo que se regenera para enganar a morte e pode se transformar em qualquer forma de vida. [qualquer forma de vida] Na próxima regeneração ele pode virar um Ood, ele pode ser uma tartaruga, mas nesse caso ele regenerou numa mulher. Que sorte a dele(a)! Continua sendo humanoide, completo, com todos braços, pernas, cabeça, dentes. E além de tudo, ficou lindona!

As regenerações são uma oportunidade de renovar a série. Foi assim que a série moderna trouxe Doutores mais novos, como o Matt Smith, e experimentou um mais velho como o Capaldi. Todos fizeram muito sentido com o momento que o personagem estava vivendo. E agora, a série está evoluindo, mudando, experimentando e se atualizando.

O mundo PRECISA de uma Doutora Mulher. 

Para nos representar, para que os homens exercitem o que as mulheres fazem o tempo todo vendo mocinhos, vilões e personagens importantes homens, para discutir igualdade de gênero, pra acompanhar o mundo real. Porque a série é de ficção científica, mas não está alheia ao que se passa no mundo. Longe disso!

E se você está achando que isso é modernidade demais, larga mão desse smartphone, apaga as luzes, sai da tua casa e vai viver numa caverna. Tem coisas, ACEITE, que não tem como evitar. As mulheres estão aí, cada vez mais empoderadas, reivindicando o seu espaço como igual, combatendo o preconceito e o machismo, e ainda tem um monte de babacas achando que tá na idade média. Acorda! É 2018! Bora mudar!



Jodie Whittaker, a 13ª Doutora


E pra encerrar, vai ter Doutora Mulher, sim! 


Jodiezinha vem com tudo, já está arrasando provocando discussões e separando Wovians de babacas machistas ridículos e que nem assistem a série. E vai ser lindo, e que seja musa de Gallifrey por muitas temporadas, e que venham outras depois dela. Pela minha conta, pode ter mais 12 mulheres. E que numa próxima regeneração a Doutora regenere negra(o), gorda(o), asiática(o), o que tiver de ser para manter o espírito de amor, igualdade, respeito e paz que a série vem tentando reafirmar em cada temporada.

E para quem quiser rever essa transformação maravilhosa, despedida do 12º, chegada da 13ª Doutora, aí está! Eu já assisti mil vezes e ainda me arrepio.


Não adianta espernear, destilar seu ódio, dizer que vai abandonar a série, ela já é a nova Doutora, e vai ser FABULOSA.

Desculpe o desabafo, mas precisava! Desde que anunciaram a Doutora que leio coisas por aí e estava só espalhando meu amor pela mudança. Hoje me obriguei a partir para a defesa ostensiva. Porque sou mulher, porque não sou machista, porque sou whovian e não vou me calar.

=P

quinta-feira, abril 19, 2018

Confira as minhas leituras de março!

As minhas leituras de março foram muuuuito produtivas. Está entre elas dois dos melhores livros do ano até aqui e dois dos melhores e um dos piores da vida! Vejam só!



Matéria Escura, de Blake Crouch

Vou começar falando do melhor. "Matéria escura" é um livro sobre um homem que tem a vida mudada da noite para o dia, em função de um evento inesperado, que desencadeia um problemão! E isso é tudo que eu posso falar para não dar spoiler e acabar com a experiência de quem for ler.

Ele é de ficção científica, tem algumas explicações de física, envolve um pouco de física quântica e nos faz imaginar muita coisa. Sobre as descobertas da física, sim, mas muito mais sobre a vida, as relações com as pessoas e aquele pensamento "e se eu tivesse escolhido ser isso em vez daquilo, como eu estaria hoje?". É bonito, intenso e profundo. Recomendo demais! Não se apeguem ao título ou o gênero, é uma ótima história.


O fim da eternidade, de Isaac Asimov

Isaac Asimov é um gênio da ficção científica. Diferente do "Matéria escura", esse é bem nerd. Faz a gente pensar sobre muita coisa, mas nem tanto sobre a família, e sim sobre o controle social. Até onde uma instituição pode decidir como será a sociedade no futuro? Bem, o livro explora o deslocamento no tempo e o uso deste como uma ferramenta para manter o mundo "em órdem".

Uma distopia daquelas de dar nos nervos porque, embora seja uma história muito boa e futurística, é carregada de moralismo e preconceito. Isso às vezes distoa um pouco, mas como é um personagem assim, a gente meio que aceita. Tipo o coleguinha machista, ou aquele primo, que tu tolera pra manter a ordem. Um dos melhores livros de ficção científica que eu já li!


Mulher-Maravilha - sementes da guerra, de Leigh Bardugo [Resenha Completa]

E para contrastar com o "Arlan" de "O fim da eternidade", Mulher-maravilha. A personagem está na adolescência nessa história. E por ser uma amazona, ela é feminista em cada palavra. Como ela vai ao mundo dos homens, e faz amizade com uma menina (a semente da guerra), o contraste entre as culturas fica muito evidente e faz pensar sobre muita coisa.

A história não é a melhor do mundo, mas é uma história boa. É empolgante, cheia de ação, e as páginas vão sendo lidas com facilidade, os personagens estão bem aprofundados. Para quem curte a personagem, ou para quem gosta de uma boa história de aventura, recomendo muito.


O Demonologista, de Andrew Pyper

Terminei de ler "O Demonologista" somente porque: já tinha começado, paguei por esse livro e porque a narrativa do autor é boa. Mais para o final acho que ele se perdeu um pouco, ou a tradução foi meia boca. A história vai ficando sem sentido e mais chata.

Vale ressaltar que eu sou ateia e não me ligo em histórias que envolvam religião, deus, demônios e possessões. Peguei esse livro pra ler imaginando que seria de mistério a ser desvendado, como os clássicos do Dan Brown. Não é. Também não é assustador. Em algumas passagens achei até bobo. E o final... Bem xôxo! Classifico ele com três estrelas, porque é nada demais, mas também não é o pior livro que li na vida, a edição é linda e o autor é clássico.


Universos secretos, de Paulo Cavalcante

Um dos piores livros que já li. Sabe quando uma criança tenta te contar uma história e se perde, ou quando alguém tenta te contar um sonho que contando fica ainda mais sem pé nem cabeça? Agora imagina isso mal escrito. Bem, acho que não preciso dizer porque entrou pra lista dos piores da vida, certo?

É realmente uma pena. Porque é um autor brasileiro e sempre gosto de mostrar que brasileiros escrevem bons livros, indico as obras etc. Mas, dessa vez, não deu, e não poderia mentir pra vocês e dizer que o livro é bom, quando não é.





Essas foram as minhas leituras de março! O que acharam?
Eu sei que já estamos quase em maio, mas só agora sobrou um tempinho, gente, dá um desconto!
=P

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