quinta-feira, outubro 19, 2017

Resenha: Os últimos dias de Krypton de Kevin J. Anderson

Parece que faz uns 50 meses que comecei a ler esse livro e só hoje consegui terminá-lo. E segui a leitura pura e simplesmente por teimosia, e não me orgulho muito disso não.



Sobre os Últimos dias de Krypton


A história narra, na verdade, o último ano de Krypton (mais ou menos) e não exatamente os últimos dias. Para se ter uma ideia, os pais do Super Homem sequer se conheciam, isso acontece nos primeiros capítulos e vai dividindo a cena com os demais acontecimentos. 

Kevin J. Anderson remontou uma possível cadeia de acontecimentos que teoricamente foram determinantes para a extinção do planeta. Desde o primeiro capítulo acompanhamos Jor-El e sua luta para fazer o Poderoso Conselho de Krypton se abrir para tecnologias, explorar o universo e aceitar as suas advertências quanto ao risco de uma catástrofe.

O conservadorismo exagerado do conselho e um acontecimento inesperado provoca mudanças muito significativas, disputas de poder, mais negação da ciência e no fim, o erro master que dá fim ao planeta. 

O autor descreve bem alguns personagens, conhecemos assim o Pai de Jor-El, a mãe, o irmão Zor-El. Os três homens da família são cientistas brilhantes, ou pelo menos foram. O Coronel Zod, Arthyr e Nan-Ek também são bem retratados, assim como alguns outros membros do conselho. Até o marciano J'onn J'onzz tem uma pontinha nessa história. 

Nos últimos capítulos também são mostrados algumas referências ao julgamento que aparece no filme, e aquela prisão (aquele espelho bacaninha que vem a se quebrar anos mais tarde, quando o Superman pensa salvar a Terra, enfim). O destino dessa prisão e alguns desses acontecimentos finais são um tanto diferentes. 


Kal-El (o Super Homem) nasce nos últimos dias de Krypton e e são nesses capítulos finais que conhecemos "de fato" o que se passou nos últimos momentos e como Jor-El e Lara chegam naquela solução que acompanhamos no filme clássico do Superman em que ele é colocado em uma nave em direção à Terra.


A minha opinião sobre "Os últimos dias de Krypton"


Fiquei um pouco desapontada com a narrativa, começando com Jor-El ainda solteiro. Seria bem mais interessante se já estivessem juntos e o autor usasse um recurso de flashback. Enquanto lia ficava pensando em que momento ele se apaixonaria, casaria, teria o filho para então o mundo explodir. A leitura é muito arrastada. O livro é bem escrito, mas num ritmo que dá sono. Nada acontece, muita coisa se repete, e muitas encheção de linguiça. Descrições rasas e sem objetivo, bem cansativas.

Quando finalmente Jor-El e Lara se conhecem, levei um tempo para me dar conta de que ela era a Lara, mãe de Kal-El. Do flerte para o casamento e a gravidez as coisas (entre eles) são meio apressadas e desajeitadas até. A história de amor não é bem construída, a gente não "nota". 

O autor escreve coisas como "todos já percebiam que eles estavam interessados um no outro" e "Jor-El não conseguia tirar Lara da cabeça". Mas, esse romance se passa em poucos parágrafos (e até aqui, arrastados), sem profundidade. Esses encontros ficam sem importância em meio as frustrações do cientista que tem seus projetos confiscados pelo conselho de Krypton.

E essa estória dos projetos serem negados pelo conselho são contadas até a exaustão. Acredito que Anderson quis reforçar o quão retrógrado era aquele conselho, assim como as más intenções do Zod. Ele fez questão de ressaltar a frustração de Jor-El e contou mais de três vezes como ele se sentia por todos os projetos rejeitados. E como seu pai fora injustiçado, e o quanto ele não era bom para política, diferente do seu irmão Zor-El que era líder de uma das cidades do planeta.

Aliás, esse é um conceito que acho chato em todas as histórias que envolvem outros "planetas". Um mundo inteirinho governado por uma pessoa, ou um grupo de pessoas, centralizados em uma cidade. E várias cidades espalhadas pelo planeta respondendo a esse único líder. É claro que nem todos os mundos tem que seguir a nossa organização política, mas acho sempre meio absurdo um planeta inteiro se resumir a meia dúzia de pessoas em uma estória.

Enfim. Há um golpe de estado, há uma insistência no pensamento retrógrado que nega a ciência e na burrice de temer o que não se entende. Alguns momentos são até interessantes, como quando eles se deparam com algo totalmente novo, diferente e desconhecido. E como as massas tendem a aceitar líderes totalitários quando estão com medo, e como as pessoas esquecem rápido e cometem os mesmos erros, de novo e de novo. O povo de Krypton é humano demais, chega a ser decepcionante.

Então. Quando baixei o livro imaginei que ele seria adrenalina pura do início ao fim. Afinal, era para ser os últimos dias do planeta. Em vez disso, li um monte de histórias paralelas e cansativas. Em um determinando momento até aceitei que não era um livro sobre o Superman e de pura adrenalina. Mas, é muito parado e repetitivo, nesse ponto, o autor pecou muito e estragou uma história que tinha tudo para ser ótima.

Minha nota pra esse livro fica em torno de 2/5 e estou sendo bem generosa.

Alguém aqui já leu, pensou em ler esse livro? Contem aí nos comentários!

=P

quarta-feira, outubro 04, 2017

Saiu! Terreno, o novo álbum da Sound Bullet

Finalmente saiu "Terreno", o novo (e primeiro) álbum da banda Sound Bullet, e ele é maravilhoso minha gente! Mas, calma, continua lendo o post, apesar do resumo "maravilhoso" que tenho mais a falar. Vem aí um faixa a faixa! :D


Sobre a Sound Bullet


Antes de sair comentando o álbum, vale a pena falar um pouco da banda em si. A Sound Bullet é uma banda de rock alternativo, indie rock, brasileira, lá do Rio de Janeiro. Sim, existe rock 'n roll na terra do samba e do funk. E tem indie rock de qualidade nesse país! Para saber um pouco mais deles, clique aqui e veja o post completo feito em 2015!

A Sound Bullet é uma banda de muita personalidade. Vocal marcante, influências de math rock e algo que vou chamar aqui de brasilidade, na falta de um comparativo melhor, que é surpreendente. Em sua formação têm Guilherme Gonzalez (guitarra e voz), Fred Mattos (contrabaixo e voz), Henrique Wuensch (guitarra) e Pedro Mesquita (bateria).




Sobre "Terreno", o novo álbum



Os guris estavam há algum tempo preparando esse álbum, o que deixou as pessoas que os acompanham nas redes sociais aflitos. A expectativa era grande, afinal é o álbum de estreia da Sound Bullet. Até então eles haviam lançado apenas um EP "Ninguém está sozinho" em 2013, e o single "When It Goes Wrong" em 2015. Aliás, recomendo!

Expectativa alta e ideia nenhuma do que eles estavam aprontando, chegaram três músicas que diziam muito pouco do que estava por vir, bem diferentes uma da outra. E quando ouvi o disco inteiro pela primeira vez, foi uma grata surpresa. Era Sound Bullet puro, fez muito sentido, muito indie rock, math rock, e Guilherme arrasando nos vocais.

As letras são bem subjetivas, uma característica da banda que particularmente eu adoro. Cada um que ouvir vai achar o seu barato nas músicas e dá pra pensar numa série de coisas e em coisa alguma se quiser. É perfeito.

Musicalmente falando, nota-se um salto enorme das primeiras demos que ouvi, para o EP e agora esse álbum. Nota-se um amadurecimento da banda, e a soma de diferentes elementos, a qualidade musical é incomparável. Hoje está certamente a altura da criatividade e talento que eles já mostravam há alguns anos. Estou curiosa para ouvir essas músicas ao vivo!



Faixa a faixa de Terreno


Incorporar

Perfeita para abrir o álbum, dá uma boa ideia do "tom", letras e da musicalidade da Sound Bullet. A batida diferentona, baixo inquieto, (são metais ali no meio? Tô achando que sim) e arranjos de guitarra de tirar o fôlego.


Amanheci

Amanheci ganhou clipe e já tinha ouvido antes. Ela é tensa, tem um ritmo que perturba um pouco, e a melodia e letra muito suaves. É muito Sound Bullet. Confere o clipe!



Em um Mundo de Milhões de Buscas

Quando cheguei nessa faixa fui apressadamente compartilha-la no Twitter. Estava certa de que era a minha favorita no álbum. Ela tem um ritmo alegre, transmite calma. Se quiser entender o que quero dizer com "brasilidade", aqui está! Tem guitarra indie, melodia bonitinha, mas ao mesmo tempo, tem uma pegada, um ritmo único. E tem instrumentos de sopro (olha os metais!).

E preciso fazer uma observação sobre a letra. Ela me cativou de primeira, porque estou passando por um momento bem "singular" e cada palavra me fez pensar sobre um monte de coisas.

Atlas

Essa é a melhor música do álbum na minha opinião, e arrisco dizer que é uma das músicas mais lindas de 2017. Concorre com "Phi" da Scalene ou "Alguém a Esperar" da Valente. Mas, deixemos esse assunto de lado. A música tem uma melodia que casa perfeitamente com a letra. Suave e intensa, indie rock puro. Nos vocais tem a participação da Aline Lessa, um brilho extra para uma canção que até plot twist tem. Ouçam!


Esquece

Essa segue uma linha mais calma, mas nem por isso menos intensa. Com solos de guitarra e riffs que me levaram para o norte da Inglaterra no melhor estilo indie rock.

O Que Me Prende

Ouvi essa música em looping infinito por algumas horas. Ela não cansa. É animada, divertida. Eu imaginei que o álbum inteiro seria assim, lembra um pouco MPB, misturado com o estilo Sound Bullet, com metais!!! (hahah) E tem, também, a participação da Aline Lessa. Tragam ela pra Porto Alegre, pf! Que voz linda!



Doxa

A impressão que dá quando se está ouvindo o álbum faixa a faixa é que deu problema na playlist e trocou de banda do nada. Rock pesado? Então, uma loucura ali no meio do álbum, o peso, o baixo, até entrar os vocais e a melodia voltar ao "normal", ainda que não por muito tempo. E esse refrão é sensacional!

"Fincar meus pés no chão
Forçar a terra ceder
Eu sou a razão"


Terreno Pt.1 - Extemporânea

Uma canção forte, introspectiva, que começa de leve e vai crescendo absurdamente. É difícil até de descrever.

Terreno Pt.2 - Quando Você Voltar

A parte dois segue nos torturando musicalmente (solos de guitarra maravilhosos) e a letra, assim como "Em um Mundo de Milhões de Buscas" me faz pensar demais. Um refrão desses...

"E se eu
Não te reconhecer
E te deixar passar
Desatar
O que me prende aqui
Não vai me fazer alguém melhor
No seu lugar"


Humano

Senti uma influência anos 80 na introdução, é vibrante, tem um riff de guitarra muito bom. Isso é Sound Bullet, melodia deliciosa e ritmo louco. Eles fazem isso de um jeito único. E de novo vou ter que adicionar um trecho da letra que é também perturbadora.

"E se eu não me aceitar
Como um plano seu?"


O Vazio Que Habitamos (Está Dentro de Nós)

Mais uma dançante, animada, um ritmo que não se mantém (metais!!!), ela perturba também. Apesar de ser animada, tem nuances psicodélicas e backing vocals desconcertantes.

"Me vejo sumir
A flutuar
Tento emergir
Mas estou envolto em calma"
Um fechamento perfeito para esse álbum, que é uma experiência incrível para quem ouve, imagino a maravilha que foi para os que o fizeram.

Duvida? Então ouve aí!

Ouça no Spotify


 


Também dá pra ouvir no: 

Deezer | iTunes | Youtube


E se você chegou até aqui, pode contribuir com a banda, comprar o novo álbum, umas camisetas, canecas e etc. Eles estão com o projeto no Catarse, é só acessar: catarse.me/terrenosb

Ficha técnica:

Produzido e gravado por Patrick Laplan no Fazendinha Estúdio.
Gravações adicionais: Jorge Guerreiro e Léo Ribeiro na Toca do Bandido.
Mixado por Pedro Garcia em Garcia Mix Room.
Masterizado em Hanzsek Audio, Seattle - EUA

Participação:

Sintetizador, pad e percussões: Patrick Laplan
Arranjo de metais: Patrick Laplan
Trombone - faixas 3, 6 e 10: Marlon Sette
Sax Tenor - faixas 3, 6 e 10: José Carlos Ramos “Bigorna”
Trompete - faixas 3, 6 e 10: Altair Martins
Voz - faixas 4 e 6: Aline Lessa



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