sexta-feira, dezembro 22, 2017

Os melhores livros do ano, entre as minhas leituras!

Eu tenho muita dificuldade de escolher o livro favorito, o autor favorito, e com o melhor livro do ano, claro, não seria diferente. Mas, posso fazer aqui um resumo das melhores leituras do ano. Ah, isso sim!

Esse ano comecei com o projeto de Instabook @blogsabeoque onde diariamente (ou quase isso) eu posto sobre livros ou diários de leituras, livros comprados, etc. Quem ainda não conhece, clique aqui siga, curta, reclame. Estamos aí pra isso!

Tinha estabelecido em 2016 que iria ler todos os livros que tinha antes de voltar a comprar. Assim começou essa saga. E com essa função de Instagram, meio que comprei muito mais livros, e li muitos livros (viciei). Continuo com uma lista grande de livros pra ler, mas tenho certeza que darei conta disso muito em breve. Essa coisa toda acabou virando um bom hobby.


Os melhores livros que li esse ano

Os livros estão na ordem que eu fui lembrando ao olhar a estante. De alguns gostei mais, ou menos, mas todos têm um porque de estar aqui.

Cavalos da Chuva, Cadão Volpato

Simplesmente lindo! É literatura infantil, cheio de boas lições para os adultos. De um lirismo sem igual que deixa a leitura gostosa. Ri e me diverti muito com ele. Foi uma compra aleatória, pelo título, que deu muito certo. Tem promo na Amazon, é bem baratinho.

Memórias do Subsolo, Fiódor Dostoiévski

Esse foi indicação do professor da oficina de escrita criativa que fizesse ano. A oficina tinha a "memória" como tema e por isso a indicação. Li alguns meses depois, não achei muita relação com a escrita, mas foi uma leitura maravilhosa. Dostoiévski... Tinha esquecido como ele é bom em realismo e loucura.

Eu, Robô, Isaac Asimov

Um livro de ficção científica como eu nunca vi. Ele é suave, quase real, apesar de distópico, e a escrita do Asimov é encantadora. A estória nos faz pensar muito sobre todas as coisas, não só em como seria o mundo com robôs inteligentes; faz pensar sobre como lidamos com a aceitação do diferente. Vale muito a leitura mesmo para quem não gosta de Ficção Científica, porque no final, não é bem isso.

Neuromancer, William Gibson [resenha]

Como eu disse na resenha, estava a algum tempo querendo ler esse livro. E adorei o estilo cyber punk. Me ajudou muito com as coisas que tenho escrito, e me divertiu muito. É um livro que estimula muito a imaginação, um mundo novo, cheio de termos e coisas diferentes do nosso. Foi uma aventura e tanto!

Lugar Nenhum, Neil Gaiman

Foi o primeiro livro do autor que eu li, surpreendente a capacidade dele de nos prender numa história sem ser clichê. Não tem aqueles dispositivos comuns em best sellers, mas é eletrizante, humorísticos e dramático ao mesmo tempo. Nunca tinha lido nada parecido até aqui.

12 Doutores, 12 Histórias, Vários Autores

Se não tivesse lido um livro de Doctor Who esse ano eu teria inventando uma forma de colocar um livro nessa lista. Esse, com 12 contos, foi um presente aos Whovians. Mas, pode ser lido por qualquer pessoa que sequer tenha ouvido falar do Doutor. Histórias independentes da série, muito bem elaboradas, fantásticas e bonitinhas. Tem de tudo!

Caixa de Pássaros, Josh Malermann

Esse livro... Primeiro suspense (horror?) que li na vida. Fiquei muito impressionada com a capacidade do autor de escrever de modo tão sucinto e transmitir tanta tensão. A imersão na história é incrível, a gente fica tenso, e quando para de ler fica pensativo, imaginando-se andando vendado pelo mundo. Indico muito!

Agência de investigações holísticas Dirk Gently, Douglas Adams

Há tempos namorava esse livro. A leitura foi um banho no mar da criatividade, ironia e loucuras de Douglas Adams. É peculiar a forma como ele escreve coisas aparentemente sem sentido e que se encaixa tão bem no final da trama. É diversão garantida do primeiro ao último capítulo.

Pareidolia, Luiz Franco

E pra não dizer que esqueci dos brasileiros, e dos novos escritores, aí está Pareidolia. Livro concedido a mim pelo autor, e uma das leituras mais gostosas do ano. Contos muito divertidos, curiosos, livro físico cheio de conceito, arte linda. Se chegou a esse post em busca de dicas do que ler, é esse que você tem que escolher e comprar!

Não li só Pareidolia de brasileiro, "Um passeio no jardim da vingança", do Daniel Nonohay, também quase entrou nessa lista. Isso para não falar de clássicos como "Angústia" do Graciliano Ramos e "Um centauro no jardim" do Moacyr Scliar.

No fim, acho que li uns 38 livros esse ano. E estou lendo mais um, "A longa e sombria hora do chá da alma", do Douglas Adams. Quis encerrar o ano com ele, porque tem se mostrado meu autor preferido. Curioso pra saber o que tanto li? Aí está a lista completa, com link para as resenhas que consegui escrever!


Lista dos livros lidos em 2017

  • Caim, José Saramago [Resenha]
  • Um passeio no jardim da vingança, Daniel Nonohay [Resenha]
  • Admirável mundo novo, Aldous Huxley [Resenha
  • Um estudo em vermelho, Arthur Conan Doyle [Resenha]
  • O signo dos quatro, Arthur Conan Doyle [Resenha]
  • O cão de Baskerville, Arthur Conan Doyle 
  • O vale do terror, Arthur Conan Doyle
  • Um escândalo na boêmia, Arthur Conan Doyle 
  • A menina que não sabia ler, John Harding [Resenha]
  • Além da amizade, Clara Alves [Resenha
  • Alriet, Grazi Fontes [Resenha]
  • O demônio das comparações, Maurício Ferrante [Resenha
  • Lá vem todo mundo, Clay Shirky [Resenha]
  • Terra sonâmbula, Mia Couto [Resenha]
  • 12 doutores 12 histórias, vários autores [Resenha]
  • Caixa de pássaros, Josh Malermann [Resenha]
  • Agência de investigações holísticas Dirk Gently, Douglas Adams [Resenha
  • Neuromancer, William Gibson [Resenha]
  • Count zero, William Gibson [Resenha]
  • Monalisa Overdrive, William Gibson [Resenha]
  • Coração Satânico, William Hjortsberg [Resenha]
  • A revolução dos bichos, George Orwell 
  • Eu, Robô, Isaac Asimov [Resenha] [Nota de ódio ao filme]
  • Uma vez você, uma vez eu, Diego Martello [Resenha
  • Mulheres que não sabem chorar, Lilian Farias [Resenha]
  • Pareidolia, Luiz Franco [Resenha]
  • Memórias do subsolo, Fiódor Dostoiévski  
  • O jogador, Fiódor Dostoiévski 
  • Angústia, Graciliano Ramos 
  • Insônia, Graciliano Ramos 
  • O centauro no jardim, Moacyr Scliar [Resenha]
  • Cavalos da chuva, Cadao Volpato
  • O planeta dos macacos, Pierre Boulle
  • A Metamorfose, Franz Kafka 
  • Eleonor & Park, Rainbow Rowell
  • Os últimos dias de Krypton, Kevin J. Anderson [Resenha]
  • Lugar Nenhum, Neil Gaiman
  • O Oceano no fim do caminho, Neil Gaiman


E pro ano que vem, tem muita coisa pra ler... E esses da foto são só alguns deles.



E vocês, já fizeram o balanço do ano? Contem aí!

=P

segunda-feira, novembro 27, 2017

Resenha | Os Cinco do Ciclo, de Elias Flamel

Título: Os Cinco do Ciclo
Autor: Elias Flamel
Gênero: Fantasia

Sinopse: 
Yosef de Keltoi. Presenteado na infância, por uma de suas mães, com um tesouro de muitas páginas. Cresceu com pouco, encontrou o seu amor e ao lado dela teve que instigar uma revolução entre trabalhadores do campo. Sua vitória não foi perfeita, pois falhou contra os deuses que tanto venerava. Assim, o líder de uma vila pequena, e quase oculta entre os quatro cantos do mundo, vive o começo da sua velhice. Não reclama de ter vivido muitos ciclos e é servo de um império que pintou de rubro nações que ousaram ser grandes. Sempre preocupado com o seu povo e com a sua família. Qual vem primeiro? É uma pergunta que necessita de tempo e páginas para ser respondida. Hitalo, o mais velho dos seus filhos, exige mais firmeza com os homens do campo. No auge da juventude, o divertido e criativo Yohan deseja provar para o seu pai que é um homem feito. Morgiana, companheira de luta, enxerga muito além do que os olhos podem ver e deseja alertar o seu amado Yosef a respeito de algo muito difícil de fugir. Yosef parte para Numitor, sua viagem tem como destino a capital de todo o império, lar dos homens de togas brancas que praticam um culto conhecido pelas eras. E esses mesmos homens possuem legiões em seu poder. Era para ser somente mais uma viagem dos tributos, mas o homem comum ouve boatos que colocam em risco o seu lar, a sua cultura e as suas crenças. Uma ajuda é mais que necessária, mas aqueles que são os mais poderosos e dotados de uma sabedoria milenar começam a pedir socorro. Só Yosef, o líder, pode salvar o que tanto ama.Ao tentar, é exposto o seu passado manchado, ele reencontra velhas amizades e conhece desejos guardados dentro do peito de um dos seus filhos. Sua vontade de ter o que tanto deseja fará Yosef se embrenhar pelas ruas do império. Será preciso conviver com ladrões, fardados de rubro, uma sociedade que ama a prata e o ouro e terá de lutar até mesmo contra a fúria da natureza. 


Resenha de Os Cinco do Ciclo


A primeira impressão sobre esse livro é a capa, a arte tá linda. O susto fica pelo número de páginas, são 413 páginas de um universo novo e rico, cheio de detalhes, personagens, ideologias e crenças. Outro ponto que chama a atenção é o "heroi" da história. Um senhor de idade mais avançada.

O livro está classificado como fantasia, um gênero que não estou habituada e que, confesso, não gosto muito não. Assim como não gosto de livros muito longos. Então tinha um desafio e tanto pela frente. Mas, no fim foi interessante. 

Elias Flamel criou um universo vasto e complexo. Quem gosta do gênero certamente vai devorar esse livro muito mais rápido do que eu. Muita coisa vai acontecendo ao longo da história e, a cada capítulo ficamos com aquela curiosidade de saber o que vem depois. 

Todos os personagens são muito bem construídos, mais um ponto positivo para a estória. Uma família forte e cheia de conflitos comuns a qualquer família. A disputa entre os filhos, mais velho e mais novo, a dificuldade do pai em lidar com a diferença entre eles, a divisão da família em função do trabalho, etc.

Apesar de ser um homem forte, Yosef de Keltoi, é um homem sensível, que deixa transparecer seus sentimentos. Comportamento condizente com a sua idade (acredito), algo que só um homem inteligente e maduro poderia assumir com serenidade. 

A narrativa é em primeira pessoa, e vamos assumindo o lugar do protagonista. Sentindo as suas angústicas, comemorando as suas vitórias, vamos nos divertindo com os acontecimentos. Os problemas que vão se apresentando ao longo da estória vão nos prendendo e o desfecho são de cair o queixo. Uma leitura essencial para quem curte o gênero.

quinta-feira, novembro 16, 2017

Eu, Robô | Leia o livro, não assista ao filme!

O filme "Eu, Robô" não tem nada a ver com o livro, e isso é até normal, mas ele vai de encontro ao que o autor pretendia ao escrever seus contos de robô, e isso é imperdoável.


Quem viu o filme "Eu, Robô" com o Will Smith pode ter uma ideia muito errada sobre o livro de mesmo nome. A produção cinematográfica foi inspirada na obra de Isaac Asimov (nem a pau!), é o que diz na sinopse. Enquanto lia o livro algumas pessoas me falaram do filme, que era bom, perguntavam se eu já tinha assistido. Não tinha.

Por uma feliz coincidência, não tive vontade de assistir "Eu, Robô" antes. E se tivesse assistido, teria deixado de ler o livro com toda certeza. O filme conta a história de um policial que tem "ranço" com os robôs. O planeta está tomado por robôs humanoides que auxiliam os humanos. Lá pelas tantas um grandão da CIA US Robotics é morto, no que parece um suicídio, e esse policial pira. E ele tem razão, as máquinas estão elaborando um plano maligno para uma revolução e pretendem dominar a Terra. Afe!

O que permite aos robôs serem super inteligentes é a tecnologia da US Robotics. Empresa responsável pelo desenvolvimento dos cérebros positrônicos. E o que permite a ótima convivência com os humanos são as três leis da robótica, as quais impedem os robôs de (1) ferir um humano, (2) não agir quando um humano estiver em perigo e (3) não se autodestruir. Exatamente nessa ordem.

Pois bem, no parágrafo anterior listei o que tem de similar com os contos escritos por Asimov reunidos no livro "Eu, Robô". No mais, esqueça!

Nos contos do livro, os robôs foram proibidos na Terra. Eles auxiliam os humanos em outros planetas, fazendo trabalhos que seriam difíceis ou impossíveis para nós. Na Terra têm apenas máquinas equipadas com a tecnologia, a fim de calcular e gerenciar a economia, a produção etc. 

As estórias têm um peso psicológico, a Dra, Susan Calvin começa a contar essas histórias em uma entrevista com um repórter. Ela conta situações limites em que os humanos responsáveis pelos testes dos robôs tentam identificar uma aparente falha. O desenrolar do problema até identificar a causa, normalmente cai em uma das três leis da robótica. 

Além de hilário e irônico, ver como as coisas se resolvem, temos a oportunidade de refletir sobre como é, ou seria, a convivência entre humanos e robôs. É muito legal a forma como Asimov nos faz amar essas criaturas, e desacreditar no ser humano. Porque, no fim, são sempre os humanos projetando as suas frustrações, preconceitos e egoísmo nos robôs, que são seres puros.

A Dra. Calvin é a poderosa da empresa, ela é psicóloga roboticista e entende como ninguém o modo como os robôs pensam. Quando não sabe, ela consegue descobrir. Ou seja, ela tem uma baita importância na US Robotics, enquanto no filme ela (que é novinha demais) só ajuda o Will Smith (o tal policial paranoico). E isso é bem ridículo.

Um dos contos do livro aparece no filme como uma cena grotesca em que um robô se mistura a tantos outros para se esconder do policial. No conto, esse robô recebe uma ordem de "sumir" e é obrigado a isso devido às leis que precisa seguir (está programado para isso). A maneira habilidosa com que ele se esconde e persuade os demais a escondê-lo é genial.

Uma das estórias que mais gostei foi "Razão", em que um robô apresenta crenças religiosas. Ou o "Mentiroso!" um robô que lia pensamentos. A resolução desse especificamente é absurda de boa.

Em todos os contos a sagacidade do cérebro positrônico é mostrada com tanta genialidade, que não tem como não acreditar que aqueles personagens existem. Eu ficava pensando naquelas situações. Que tipo de "seres" seriam eles? Que direitos teriam? Robô teria alma? Seria muito legal se tivéssemos robôs andando por aí e pensando, tomando decisões.

Leia mais sobre a Saga dos Robôs e um pouco da visão de um fã sobre a sua obra no Eu, Asimov



Sobre Isaac Asimov 


O autor Isaac Asimov começou a pensar em histórias de robôs em 1939, quando os robôs eram retratados como uma criação perigosa. Inevitavelmente eles sempre se voltavam contra a humanidade e a catástrofe era inevitável. O autor, que era apaixonado por ficção científica e nerd total, não queria acreditar que conhecimento se tornasse em algo perigoso, por isso discordava das histórias de robôs acabando em desastre.

Asimov queria retratar robôs de um modo diferente, e inspirado num conto chamado "Eu, Robô" começou a escrever as suas histórias. Elas eram publicadas em revistas conforme ele conseguia espaço. Até que em um determinado momento veio o convite para reuni-las num livro que recebeu o nome do conto que o inspirou. Foi ideia do editor e não dele. 

As três leis da robótica foi a grande criação dele para que a máquina não se voltasse contra a humanidade. E a porcaria do filme usa justamente isso como pretexto. Seria como se os robôs fossem humanos, pensassem como tais. O que não é "verdadeiro", sequer possível, nos contos de Asimov. Os robôs chegam a ser ingênuos, são puros, como diz a Dra. Calvin em alguns momentos. 

Os robôs de Asimov não chegariam naquela selvageria retratada no filme. São muito melhores do que isso, mais espertos. E têm um jeito mais eficiente e criativo para lidar com os riscos que os homens oferecem a eles mesmos. 



Então, se você aguentou a leitura até aqui deve ter compreendido, porque detestei o filme não recomendo. E quanto ao livro: Leiam! É mais do que ficção científica e história de robôs. Tem provocações muito interessantes.

Neste link tem Todos os livros de Isaac Asimov disponíveis na Amazon.


A Saga dos Robôs de Isaac Asimov - [Leia as resenhas desses livros aqui]

Ao longo da sua carreira como escritor de ficção científica, Isaac Asimov escreveu muitas histórias de robôs. Entre outros livros de contos, ele escreveu uma série composta por "As Cavernas de Aço", "O Sol Desvelado", "Robôs da Alvorada" e "Robôs e o Império".

Depois de alguns anos, o autor revisitou toda a sua obra e fez um trabalho incrível para colocar todas suas histórias, incluindo as do Império Galático e a Saga da Fundação), no mesmo universo. Fiz um post com a ordem de leitura dos livros, é só clicar aqui.

Assim, "Eu, Robô" se tornou parte de um universo muito maior e impressionante. No Brasil temos publicados quase todos esses livros. Alguns só encontramos em sebos, mas muitos deles foram republicados pela Editora Aleph. Você pode conferir todos os livros aqui.


=P

quinta-feira, novembro 02, 2017

Sound Bullet lança o novo álbum "Terreno" em Porto Alegre e Caxias

Todas as vezes que tuitei e deixei comentários na página da banda eu não acreditei. É sério! Sempre interajo com as bandas que eu gosto ressaltando que sou de Porto Alegre. Penso que se todos os fãs fizessem isso, as bandas poderiam ter uma noção de onde tem público. Assim não há engano, na hora de pensar para que cidade ir. E no fim, vira uma grande brincadeira.

Foto: fb.com/soundbullet

Brincadeira? Sim, porque é de se imaginar que uma banda independente não tem muitas chances de viajar para longe. Por que talvez não tenha público suficiente para justificar essa empreitada. Mas, às vezes o destino nos prega peças!

A Sound Bullet é uma banda independente, do Rio de Janeiro. A minha sorte é que eles são muito gente boa e têm amigos. Amigos no Rio Grande do Sul (os melhores hahah). E assim surgiu a possibilidade de virem tocar aqui nos pampas.


Quando a notícia foi confirmada, com três shows em três cidades, fiquei impressionada. Mas, a ficha demorou a cair. Só quando entrei no Oculto e ouvi aquela música e a voz do Guilherme é que pensei "Caralho!!! Eles estão aqui mesmo." (desculpa o palavrão, mãe, aprendi com eles!) Eles estavam passando o som quando cheguei e eu já fiquei impressionada. A banda é muito boa! Disse uma das pessoas do bar que estava por lá. E é verdade, outro nível!


O vídeo abaixo foi feito no OCulto, tá ruim mesmo, só ouçam. XD



Vê-los tocar no OCulto foi muito legal. O lugar é pequeno, tem uma atmosfera intimista. Sem palco, as pessoas ficam a alguns passos dos músicos. A seriedade deles e a presença durante a apresentação parece de gente que já toca há anos. E se fecharmos os olhos, a perfeição e a qualidade musical, meio que confirma essa impressão. Daí a gente olha para eles, aquelas carinhas bebê, e fica se perguntando como isso é possível? hahah

Durante o Show foi "Atlas" (óbvio) que me fez chorar! Ouvir essa música ao vivo, timbres de guitarra, baixo e a voz do Guilherme PUTA QUE PARIU! VAI TOMAR NO CU (isso foi um elogio! hahah - Desculpa de novo, mãe). Foi lindo.

Foto: Wesley Fávero - fb.com/WesleyFaveros

No segundo show, em Caxias do Sul, a dinâmica foi um pouco diferente. (a loka que não queria pensar na possibilidade de Sound Bullet tocando sem a sua presença no RS). Lá o show foi no Atillio's Bar. Maior do que o Oculto, e com muito mais gente, mas também sem palco. Além da Sound Bullet, Baby Budas e a Grandfúria (responsáveis pela vinda da Sound Bullet - Amo vocês para sempre).

A Sound Bullet tocou depois de Baby Budas. O clima já estava bem animado, e eles conquistaram o pessoal já na primeira música, Incorporar? (memória prejudicada, estava lá para ver o show e não para trabalhar - desculpa).

Foto: Wesley Fávero

Neste show eu já estava mais a vontade, e o ambiente era outro, já deu pra dançar um pouco mais, e não teve Atlas, então correu tudo bem do início ao fim. A "surpresa" foi eles tocarem DOXA. Que som! Fica ainda mais intenso ao vivo. Ceis tão de parabéns!

E por falar nisso, já emendo aqui meus comentários sobre a diferença do som deles em estúdio e ao vivo: quase não tem. Ao vivo tem mais energia, é claro, mas não perde em nada para o que se ouve no álbum. E olha que "Terreno", álbum novo que vocês podem ouvir aqui, é rico em arranjos, tem metais acompanhando em várias músicas. Fez falta? Fez, porque as músicas são muito boas com esse complemento. Só que, alguma mágica acontece ali naquelas guitarras, baixo e bateria, que não prejudicaram em nada a qualidade.

Foto: Wesley Fávero


Daí vocês podem dizer "Ah, claro que ela vai só tecer elogios, é tiete". Bem, sinto informar que mesmo quem nunca tinha ouvido, ou quem só tinha ouvido algumas músicas da banda, adorou. E até na passagem do som aqui em Porto Alegre eles causaram muito boa impressão. Então, não era eu babando ovo nos caras depois do show. Eu estava por perto, só olhando e confirmando as minhas suspeitas: eles são muito bons e o povo curtiu muito!

O Show de Canoas acabou não rolando, um balde de água fria para os caras que vieram de tão longe, com dinheiro do próprio bolso, só querendo levar sua música para mais pessoas. A casa/produtora deu esse furo. Uma bosxsta!

Foto: Wesley Fávero

O que me consola é que depois do show em Caxias tive a oportunidade de conhecer o lado festeiro e doido desse pessoal. Gente boa é pouco pra falar desses cariocas esxscrotos. O resultado é que agora vão ter que me aturar implorando para que voltem, e logo! hahah E, também, para tocarem com a Valente. Tô pensando em como isso pode ser possível.


Como eu disse antes, estava lá para curtir e não para trabalhar, então os vídeos que fiz tão beeem zoados, mas dá pra ter uma ideia de como foi a vibe.

Vídeo de "Em um mundo de milhões de buscas" no Atillio's Bar Caxias do Sul


Ah! E parece que vai ter vídeo profissional dessa tour, aguardando já! :D

E, por fim, ficam aqui os meus agredecimentos: ao meu poia querido que tornou a presença no Show em Caxias possível, a Vanessa pelo pouso em Canoas, ainda que ele não tenha se concretizado, ao fotógrafo/cinegrafista/menino de rua Wesley Fávero por conceder as fotos que enfeitaram esse post, baita achado! e ao Guilherme, Henrique, Fred MATTOS e Pedro, pela paciência, pelo carinho. Vocês são únicos e talentosos! Nada esxscroto, nem cuzão, isso é intriga, pura inveja dos separatistas que não entendem pohha nenhuma.

Para ver os outros posts que escrevi sobre a Sound Bullet, acesse Indie Rock no Brasil e Terreno, o novo álbum da Sound Bullet

=P

quinta-feira, outubro 19, 2017

Resenha: Os últimos dias de Krypton de Kevin J. Anderson

Parece que faz uns 50 meses que comecei a ler esse livro e só hoje consegui terminá-lo. E segui a leitura pura e simplesmente por teimosia, e não me orgulho muito disso não.



Sobre os Últimos dias de Krypton


A história narra, na verdade, o último ano de Krypton (mais ou menos) e não exatamente os últimos dias. Para se ter uma ideia, os pais do Super Homem sequer se conheciam, isso acontece nos primeiros capítulos e vai dividindo a cena com os demais acontecimentos. 

Kevin J. Anderson remontou uma possível cadeia de acontecimentos que teoricamente foram determinantes para a extinção do planeta. Desde o primeiro capítulo acompanhamos Jor-El e sua luta para fazer o Poderoso Conselho de Krypton se abrir para tecnologias, explorar o universo e aceitar as suas advertências quanto ao risco de uma catástrofe.

O conservadorismo exagerado do conselho e um acontecimento inesperado provoca mudanças muito significativas, disputas de poder, mais negação da ciência e no fim, o erro master que dá fim ao planeta. 

O autor descreve bem alguns personagens, conhecemos assim o Pai de Jor-El, a mãe, o irmão Zor-El. Os três homens da família são cientistas brilhantes, ou pelo menos foram. O Coronel Zod, Arthyr e Nan-Ek também são bem retratados, assim como alguns outros membros do conselho. Até o marciano J'onn J'onzz tem uma pontinha nessa história. 

Nos últimos capítulos também são mostrados algumas referências ao julgamento que aparece no filme, e aquela prisão (aquele espelho bacaninha que vem a se quebrar anos mais tarde, quando o Superman pensa salvar a Terra, enfim). O destino dessa prisão e alguns desses acontecimentos finais são um tanto diferentes. 


Kal-El (o Super Homem) nasce nos últimos dias de Krypton e e são nesses capítulos finais que conhecemos "de fato" o que se passou nos últimos momentos e como Jor-El e Lara chegam naquela solução que acompanhamos no filme clássico do Superman em que ele é colocado em uma nave em direção à Terra.


A minha opinião sobre "Os últimos dias de Krypton"


Fiquei um pouco desapontada com a narrativa, começando com Jor-El ainda solteiro. Seria bem mais interessante se já estivessem juntos e o autor usasse um recurso de flashback. Enquanto lia ficava pensando em que momento ele se apaixonaria, casaria, teria o filho para então o mundo explodir. A leitura é muito arrastada. O livro é bem escrito, mas num ritmo que dá sono. Nada acontece, muita coisa se repete, e muitas encheção de linguiça. Descrições rasas e sem objetivo, bem cansativas.

Quando finalmente Jor-El e Lara se conhecem, levei um tempo para me dar conta de que ela era a Lara, mãe de Kal-El. Do flerte para o casamento e a gravidez as coisas (entre eles) são meio apressadas e desajeitadas até. A história de amor não é bem construída, a gente não "nota". 

O autor escreve coisas como "todos já percebiam que eles estavam interessados um no outro" e "Jor-El não conseguia tirar Lara da cabeça". Mas, esse romance se passa em poucos parágrafos (e até aqui, arrastados), sem profundidade. Esses encontros ficam sem importância em meio as frustrações do cientista que tem seus projetos confiscados pelo conselho de Krypton.

E essa estória dos projetos serem negados pelo conselho são contadas até a exaustão. Acredito que Anderson quis reforçar o quão retrógrado era aquele conselho, assim como as más intenções do Zod. Ele fez questão de ressaltar a frustração de Jor-El e contou mais de três vezes como ele se sentia por todos os projetos rejeitados. E como seu pai fora injustiçado, e o quanto ele não era bom para política, diferente do seu irmão Zor-El que era líder de uma das cidades do planeta.

Aliás, esse é um conceito que acho chato em todas as histórias que envolvem outros "planetas". Um mundo inteirinho governado por uma pessoa, ou um grupo de pessoas, centralizados em uma cidade. E várias cidades espalhadas pelo planeta respondendo a esse único líder. É claro que nem todos os mundos tem que seguir a nossa organização política, mas acho sempre meio absurdo um planeta inteiro se resumir a meia dúzia de pessoas em uma estória.

Enfim. Há um golpe de estado, há uma insistência no pensamento retrógrado que nega a ciência e na burrice de temer o que não se entende. Alguns momentos são até interessantes, como quando eles se deparam com algo totalmente novo, diferente e desconhecido. E como as massas tendem a aceitar líderes totalitários quando estão com medo, e como as pessoas esquecem rápido e cometem os mesmos erros, de novo e de novo. O povo de Krypton é humano demais, chega a ser decepcionante.

Então. Quando baixei o livro imaginei que ele seria adrenalina pura do início ao fim. Afinal, era para ser os últimos dias do planeta. Em vez disso, li um monte de histórias paralelas e cansativas. Em um determinando momento até aceitei que não era um livro sobre o Superman e de pura adrenalina. Mas, é muito parado e repetitivo, nesse ponto, o autor pecou muito e estragou uma história que tinha tudo para ser ótima.

Minha nota pra esse livro fica em torno de 2/5 e estou sendo bem generosa.

Alguém aqui já leu, pensou em ler esse livro? Contem aí nos comentários!

=P

quarta-feira, outubro 04, 2017

Saiu! Terreno, o novo álbum da Sound Bullet

Finalmente saiu "Terreno", o novo (e primeiro) álbum da banda Sound Bullet, e ele é maravilhoso minha gente! Mas, calma, continua lendo o post, apesar do resumo "maravilhoso" que tenho mais a falar. Vem aí um faixa a faixa! :D


Sobre a Sound Bullet


Antes de sair comentando o álbum, vale a pena falar um pouco da banda em si. A Sound Bullet é uma banda de rock alternativo, indie rock, brasileira, lá do Rio de Janeiro. Sim, existe rock 'n roll na terra do samba e do funk. E tem indie rock de qualidade nesse país! Para saber um pouco mais deles, clique aqui e veja o post completo feito em 2015!

A Sound Bullet é uma banda de muita personalidade. Vocal marcante, influências de math rock e algo que vou chamar aqui de brasilidade, na falta de um comparativo melhor, que é surpreendente. Em sua formação têm Guilherme Gonzalez (guitarra e voz), Fred Mattos (contrabaixo e voz), Henrique Wuensch (guitarra) e Pedro Mesquita (bateria).




Sobre "Terreno", o novo álbum



Os guris estavam há algum tempo preparando esse álbum, o que deixou as pessoas que os acompanham nas redes sociais aflitos. A expectativa era grande, afinal é o álbum de estreia da Sound Bullet. Até então eles haviam lançado apenas um EP "Ninguém está sozinho" em 2013, e o single "When It Goes Wrong" em 2015. Aliás, recomendo!

Expectativa alta e ideia nenhuma do que eles estavam aprontando, chegaram três músicas que diziam muito pouco do que estava por vir, bem diferentes uma da outra. E quando ouvi o disco inteiro pela primeira vez, foi uma grata surpresa. Era Sound Bullet puro, fez muito sentido, muito indie rock, math rock, e Guilherme arrasando nos vocais.

As letras são bem subjetivas, uma característica da banda que particularmente eu adoro. Cada um que ouvir vai achar o seu barato nas músicas e dá pra pensar numa série de coisas e em coisa alguma se quiser. É perfeito.

Musicalmente falando, nota-se um salto enorme das primeiras demos que ouvi, para o EP e agora esse álbum. Nota-se um amadurecimento da banda, e a soma de diferentes elementos, a qualidade musical é incomparável. Hoje está certamente a altura da criatividade e talento que eles já mostravam há alguns anos. Estou curiosa para ouvir essas músicas ao vivo!



Faixa a faixa de Terreno


Incorporar

Perfeita para abrir o álbum, dá uma boa ideia do "tom", letras e da musicalidade da Sound Bullet. A batida diferentona, baixo inquieto, (são metais ali no meio? Tô achando que sim) e arranjos de guitarra de tirar o fôlego.


Amanheci

Amanheci ganhou clipe e já tinha ouvido antes. Ela é tensa, tem um ritmo que perturba um pouco, e a melodia e letra muito suaves. É muito Sound Bullet. Confere o clipe!



Em um Mundo de Milhões de Buscas

Quando cheguei nessa faixa fui apressadamente compartilha-la no Twitter. Estava certa de que era a minha favorita no álbum. Ela tem um ritmo alegre, transmite calma. Se quiser entender o que quero dizer com "brasilidade", aqui está! Tem guitarra indie, melodia bonitinha, mas ao mesmo tempo, tem uma pegada, um ritmo único. E tem instrumentos de sopro (olha os metais!).

E preciso fazer uma observação sobre a letra. Ela me cativou de primeira, porque estou passando por um momento bem "singular" e cada palavra me fez pensar sobre um monte de coisas.

Atlas

Essa é a melhor música do álbum na minha opinião, e arrisco dizer que é uma das músicas mais lindas de 2017. Concorre com "Phi" da Scalene ou "Alguém a Esperar" da Valente. Mas, deixemos esse assunto de lado. A música tem uma melodia que casa perfeitamente com a letra. Suave e intensa, indie rock puro. Nos vocais tem a participação da Aline Lessa, um brilho extra para uma canção que até plot twist tem. Ouçam!


Esquece

Essa segue uma linha mais calma, mas nem por isso menos intensa. Com solos de guitarra e riffs que me levaram para o norte da Inglaterra no melhor estilo indie rock.

O Que Me Prende

Ouvi essa música em looping infinito por algumas horas. Ela não cansa. É animada, divertida. Eu imaginei que o álbum inteiro seria assim, lembra um pouco MPB, misturado com o estilo Sound Bullet, com metais!!! (hahah) E tem, também, a participação da Aline Lessa. Tragam ela pra Porto Alegre, pf! Que voz linda!



Doxa

A impressão que dá quando se está ouvindo o álbum faixa a faixa é que deu problema na playlist e trocou de banda do nada. Rock pesado? Então, uma loucura ali no meio do álbum, o peso, o baixo, até entrar os vocais e a melodia voltar ao "normal", ainda que não por muito tempo. E esse refrão é sensacional!

"Fincar meus pés no chão
Forçar a terra ceder
Eu sou a razão"


Terreno Pt.1 - Extemporânea

Uma canção forte, introspectiva, que começa de leve e vai crescendo absurdamente. É difícil até de descrever.

Terreno Pt.2 - Quando Você Voltar

A parte dois segue nos torturando musicalmente (solos de guitarra maravilhosos) e a letra, assim como "Em um Mundo de Milhões de Buscas" me faz pensar demais. Um refrão desses...

"E se eu
Não te reconhecer
E te deixar passar
Desatar
O que me prende aqui
Não vai me fazer alguém melhor
No seu lugar"


Humano

Senti uma influência anos 80 na introdução, é vibrante, tem um riff de guitarra muito bom. Isso é Sound Bullet, melodia deliciosa e ritmo louco. Eles fazem isso de um jeito único. E de novo vou ter que adicionar um trecho da letra que é também perturbadora.

"E se eu não me aceitar
Como um plano seu?"


O Vazio Que Habitamos (Está Dentro de Nós)

Mais uma dançante, animada, um ritmo que não se mantém (metais!!!), ela perturba também. Apesar de ser animada, tem nuances psicodélicas e backing vocals desconcertantes.

"Me vejo sumir
A flutuar
Tento emergir
Mas estou envolto em calma"
Um fechamento perfeito para esse álbum, que é uma experiência incrível para quem ouve, imagino a maravilha que foi para os que o fizeram.

Duvida? Então ouve aí!

Ouça no Spotify


 


Também dá pra ouvir no: 

Deezer | iTunes | Youtube


E se você chegou até aqui, pode contribuir com a banda, comprar o novo álbum, umas camisetas, canecas e etc. Eles estão com o projeto no Catarse, é só acessar: catarse.me/terrenosb

Ficha técnica:

Produzido e gravado por Patrick Laplan no Fazendinha Estúdio.
Gravações adicionais: Jorge Guerreiro e Léo Ribeiro na Toca do Bandido.
Mixado por Pedro Garcia em Garcia Mix Room.
Masterizado em Hanzsek Audio, Seattle - EUA

Participação:

Sintetizador, pad e percussões: Patrick Laplan
Arranjo de metais: Patrick Laplan
Trombone - faixas 3, 6 e 10: Marlon Sette
Sax Tenor - faixas 3, 6 e 10: José Carlos Ramos “Bigorna”
Trompete - faixas 3, 6 e 10: Altair Martins
Voz - faixas 4 e 6: Aline Lessa



terça-feira, setembro 12, 2017

Resenha: Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently

Livro de Douglas Adams. Pronto, nem preciso escrever essa resenha, vocês nem precisam ler para saber que é maravilhoso. hahaha Mentira, leiam sim, que esse é diferente!





Resenha: Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently, de Douglas Adams


Se pudéssemos definir a qualidade de um livro pelo título, já poderíamos dizer que Douglas Adams arrasou nessa obra. Eu não fazia a menor ideia do que se tratava até ler. E o título é a cara do autor, é de uma curiosidade humorística irônica que só ele consegue.

Fazer um resuminho do enredo é bem complexo, porque o livro não tem Dirk Gently e sua Agência de Investigações Holísticas exatamente como centro da trama. No mais belo estilo Douglas Adams, a história começa a ser contada pelas pontas, as quais vão sendo conectadas lá pela metade do livro. Ou seja, ele começa a narrar acontecimentos banais de diferentes personagens e vai se aproximando do que realmente interessa aos poucos.

Quem nunca leu Douglas Adams pode pensar agora "nossa, que chatice, deve ser arrastado". Puro engano! O autor é cômico e irônico desde as primeiras linhas de suas histórias, e o que ele narra é tão absurdo que gera muita curiosidade. O modo peculiar como ele "se vinga" dos computadores e softwares que nunca fazem o que são construídos para fazer, a forma como ironiza os costumes ingleses, a raça humana... É o tipo de livro para rir alto e depois se perguntar "O quê?" e então não querer mais desgrudar até entender tudo.

O enredo! Vocês podem estar se perguntando e, bem. Veja bem. Se eu disser que o personagem lá está procurando alguma coisa cruzando o caminho deste e daquele outro, vou estragar toda a experiência de que for ler. O que posso adiantar é que ele conta alguns dias da vida de mais ou menos quatro personagens e que o fio que conecta essas histórias é inesperado e totalmente louco. Mas, isso só se mostra depois da metade do livro, quase no final.

Diferente de "O Guia do Mochileiro das Galáxias" que é ficção científica, fantasia e absurdo do início ao fim, esse parece uma história qualquer. Levemente conectada com o outro lado da vida, "Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently" é um mistério antes mesmo de o investigador entrar em ação. E o que é mais legal, só fica claro que se trata mesmo de um mistério quado ele é desvendado.

Se quiser entender melhor o universo do "Guia do Mochileiro das Galáxias" acesse Sobre a vida, o universo e tudo mais!

Quando isso acontece, começamos a pensar em tudo que lemos até ali. Aquelas passagens bobinhas, da qual rimos, tinham muita importância. Dá vontade até de voltar e ler tudo de novo, pra ver se era isso mesmo, se não perdemos algum detalhe. Gente! Entendem isso? É uma trama desconstruída e tão bem costurada que não dá pra admirar esse tal Douglas Adams.

Algo que fiquei pensando enquanto lia, e que é um dos motivos para adorar esse autor, é que a história é divertida do início ao fim. Alguns livros são arrastados em algum ponto, ou demora a engrenar. Com Douglas Adams não é assim. Aliás, nem um climax, plot twist e final arrebatador ele faz. É um livro pra aproveitar cada página. E o final é só o fim. Basta o leitor ter o mínimo de bom humor e loucura para gostar muito.

Eu tentei ler bem de vagar, porque esse é o penúltimo livro que existe para eu ler do autor. Mas, é bem difícil, a leitura flui de um jeito, que quando via já tinha lido vários capítulos. É uma história que não cansa.

Então, como já deve imaginar quem leu até aqui, recomendo muito. Para quem já é fã, para quem nunca leu, e até para quem não é chegado em fantasia ou ficção científica. É uma obra perfeita para iniciar a leitura de Douglas Adams.

E, existe uma série no Netflix do investigador Dirk Gently. Já ouvi dizer que tem nada a ver com o livro, só algumas referências. Particularmente, e apesar disso, pretendo assistir somente depois de ler "A longa e sombria hora do chá", outro livro com o investigador.

E vocês, já leram Douglas Adams, esse livro, estão pensando em ler? Gostam de Ficção Científica? Contem aí nos comentários.


Posts relacionados:

Resenha E tem outra coisa, de Eoin Colfer
A vida, o universo e tudo mais... E tem outra coisa

=P

sexta-feira, setembro 01, 2017

O que é indie rock?

O que é indierock? Bem, comece não julgando um texto pelo título. A pergunta parece boba, mas, juro que tenho uma reflexão para compartilhar e não só um monte de baboseira, definição e algo parecido com o que se encontra na Wikipedia. O que quero escrever hoje é sobre algo que volta e meia eu me pergunto, e que voltou a circular nas minhas ideias quando meu antigo professor perguntou que estilo era "The Killers". 




Enrolei quase um ano para terminar esse texto. A pergunta aparentemente aleatória aconteceu quando fui com a camiseta da banda para a aula de alemão (saudades). O professor, por não conhecer a banda deduziu, pelo nome, que fosse Hardrock. Hardrock? perguntou ele. Ao que respondi "não, indie".

Respondi e fiquei pensando. A palavra "indie" ficou ecoando na minha cabeça, envolta pelo pensamento: ora! Se ele não conhece The Killers, provavelmente não sabe o que é indie. E como se tivesse lido a mente dele, percebi que o Lehrer ficou repetindo "indie, indie, indie..."  e finalmente me saiu com a pergunta: "indie pop"? Eu achei graça, respondi que não, que era indie rock.

Bem, depois dessa conversa no elevador fiquei pensando (de novo) sobre o que era indie rock. Revisitei mentalmente as bandas que eu gosto e que são, de acordo com a minha humilde opinião, indie. E consegui duas classificações mais palpáveis: 

Indie = independente

Bandas que não têm gravadora, fazem seu trabalho por conta própria ou com financiamentos coletivos.

Indie = estilo de música

E nesse "indie" caberia inclusive o "indie pop" sugerido pelo professor.


The Killers, a banda em questão, começou como Indie, no sentido "independente" da palavra, depois cresceu absurdamente e continuou fazendo um som não muito convencional. Não se tornou necessariamente pop, e aí? Onde é que ela vai se encaixar? É aí que eu acho que o "indie" vira gênero também. Ainda que bandas como The Killers tenham aparentemente pleno controle das suas carreiras, sendo independentes, não pertencem mais ao cenário underground, e estão num ambiente mais comercial, é o que me parece pelo menos.




E quando se fala de gênero, o que é Indie Rock, afinal?


Voltei a lembrar das músicas que ouço e que acredito serem Indie e me dei conta de que não existe um padrão que se possa definir. Talvez por isso as pessoas "normais" odeiem quando tem um fã de indie perdido no meio de uma conversa sobre música (só não somos mais insuportáveis que musicistas, técnicos e teóricos - hahah). Existe uma infinidade de bandas por aí, cada uma com o seu estilo, referências e pretensões. Não tem como colocar todas em um único balaio. 

A raiz do indie rock está nas bandas de rock alternativo, o pós-punk e o new wave dos anos 80, mas vem se modificando ao longo do tempo. Se olhar para o cenário nacional, a diferença é gritante. A prova disso está em três ou quatro bandas que eu posso citar aqui: Plutão já foi planeta, Scalene, Sound Bullet e Valente, por exemplo. Considero as três "indie rock", adoro as três, e são poucas as semelhanças entre elas.

O mesmo não acontece se pegar exemplos fora do braziu. Consigo notar algumas semelhanças entre as bandas que eu gosto, e entre outras bandas que não gosto, mas que são reconhecidas como representantes do indie rock, tais como: White Stripes, Arctic Monkeys e The Strokes. Estilos parecidos que me cansam. (desculpa aí). Prefiro sons mais melódicos, pós-punk, como: Tocotronic, após o álbum "Schal und wahn" (banda alemã), New Mayans, New Politicians, Doves, The Joy Formidable

A semelhança entre as bandas ditas "Indie" é que elas não estão na novela da globo? Se fosse assim a Scalene não seria mais indie, e já ouvi falar que não são, e discordo. Magnetite está aí para nos mostrar que a banda não está seguindo uma tendência, não está necessariamente buscando ser tocada no rádio. Pelo menos não seguindo caminhos comerciais para isso. Aliás, as bandas indie nacionais se diferenciam de bandas como Coldplay, Kaiser Chiefs, The Killers e tantas outras que estão debandando para uma pegada eletrônica, ficando todas muito parecidas, de novo.


O undergound não é mais tão underground


Se ser indie era ser underground, ninguém mais o é! Graças a Internet, as bandas podem se tornar mais conhecidas. Eu só conheci Sound Bullet por causa do Twitter, e se não fosse a rede não conheceria metade das bandas nas minhas listas do Spotify. E sem as redes sociais, certamente a Scalene não estaria tocando na novela da globo, eu não conseguiria continuar acompanhando a Valente, a Plutão já foi planeta, a Stella ou a Baby Budas.

Então, indie rock ou pop, nada mais é do que uma produção independentemente criativa. Essa foi a conclusão a que cheguei. Porque se não é a visibilidade, popularidade, estilo ou o selo, sobra o criativo para a classificação. E, também acredito que a classificação quer dizer nada. Música boa tem que ser aquela que nos toca, que nos faz bem (de preferência). Essa a minha relação com a música pelo menos.


E para vocês, como vêem essas classificações, vocês ouvem alguma coisa muito diferente, que ninguém conhece? Contem aí nos comentários! 



Compre o melhor do Indie Rock em CD, Vinil e mais na Amazon 

=P

segunda-feira, agosto 21, 2017

Magnetite, confira o faixa a faixa do álbum novo da Banda Scalene!

A Banda Scalene acaba de lançar o novo álbum, Magnetite, e como não poderia deixar de ser, fiz um faixa a faixa comentando cada uma das músicas.



Antes do faixa a faixa, alguns comentários gerais: 


A Scalene tem como característica o preciosismo com conceito, imagem, não somente com o som. A comunicação deles é muito boa. E isso reflete muito o que fazem nos álbuns. Com Magnetite não foi diferente. O álbum está visualmente lindo.

Quanto a qualidade musical, seguem se reinventando. As músicas (todas) tem muito da Scalene. O peso das guitarras e das gritarias de Real/Surreal estão mais presentes, e muito da sutileza do Éter (primeiro e segundo álbuns da banda), com um toque Magnetite que surpreende. Se tiver que classificar de alguma forma esse novo álbum, diria que ele tem uma roupagem nova, muito brasileira. Que traz referências de onde eles cresceram a vivem, do que ouvem, do que gostam, de um modo muito original.

As letras maduras, bem pensadas, impecáveis, agora têm um peso maior em críticas, provocam reflexões, algumas incomodam. E qual é a função de uma banda de rock se não causar esse desconforto? A Scalene faz isso em Magnetite sem ser óbvia, com personalidade, com força. Muitas mensagens sendo transmitidas em melodia poética. Ao longo do faixa a faixa vocês vão poder identificar as minhas preferidas.



Faixa a faixa do álbum Magnetite


extremos pueris

A música que abre o álbum apresenta muito bem o que podemos esperar das 11 músicas que se seguirão. Ela é forte, intensa, sensível, delicada. Características que resumem o trabalho da Scalene de um modo geral.


ponta do anzol

Eu não fiz esse faixa a faixa ouvindo as músicas na ordem, e "ponta do anzol" ficou por último. Já disse tanto sobre tudo e as músicas do álbum são tão interconectadas em conceito e qualidade de letra e som que fica difícil não ser repetitiva. A música é diferente, tem um pouco de eletrônico, baixo muito marcado, e uns arranjos novos se comparados com os outros álbuns. É boa!


cartão postal

Ao som de um quase mantra que diz "vou, até onde eu aguentar", "cartão postal" me tocou. A letra tem uma harmonia com a música, elas vão se intensificando na medida. A melodia vai dançando nas ideias. Eu amo esse tipo de música, melódica sem ser grudenta, surpreendente a cada nota. E a guitarra característica da Scalene nos momentos mais delicados. Sensacional!


esc (caverna digital)

Essa tem a brasilidade aflorada, lembrando sei lá, chico Science. Um baixo que nos lembra o toque do berimbau, aquela guitarra que não sei explicar (porque não sou musicista hahaha). E esse tema da caverna digital, minha gente, casamento perfeito. "Ah se eu pudesse, eu tiraria você de mim", que letra, que melodia gostosa!


distopia

Essa a gente deveria imprimir em cartazes, fazer camisetas, enviar por email, postar no Facebook. Musicalmente Scalene, letra de crítica social. Que banda maravilhosa (tô surtando nesse faixa a faixa porque não tem outro jeito!) Olha essa letra:

Homens de terno,
podres por dentro,
e a bíblia na mão,
pregam o ódio
e a intolerância,
a cada sermão, cada sermão
usam do medo
ingenuidades
roubam de quem
pouco já tem
Falam de entrega
de sacrifícios
ônus não tem
$ó o que lhes convém
Quando alguém vai ter o peito e coragem de se posicionar do jeito?
Que o absurdo fere,
que esse crime pede,
não é como se fosse
um abuso novo,
autoridade não
se faz com oração.

Sabe... Não precisa dizer mais nada.


frenesi

Essa me parece algo experimental. É diferente de tudo e tem uns arranjos curiosos. Parece uma brincadeira de estúdio que foi levado a sério. Uma reinvenção. Ouvi-la em alto e bom som é gratificante.


maré

Uma calmaria em meio a tempestade. Quase todas as músicas são uma loucura, não necessaria pesadas, mas intensas. Maré distoa das demais. Tem a mesma pegada experimental de "frenesi", brasilidade e uma dose de calmante. É linda, sensível.


fragmento 

Rock 'n roll nacional. Não, não estou dizendo que se trata de rock anos 80 (re)conhecido como rock nacional. Estou falando de musicalidade brasileira pura em forma de Rock 'n roll. O peso na guitarra é o que nos faz lembrar que ainda é Scalene. Scalene na veia.


trilha

Uma pegada de blues e guitarras distorcidas, um ritmo meio perturbador. Os vocais sombrios completam a estranheza e beleza dessa música. A transição quase natural dessa faixa para o "Velho lobo" lembrou-me muito do que acontece no "Real/Surreal". É muito legal para quem tem o hábito de ouvir um álbum inteiro de uma vez, na ordem certa.


velho lobo

A continuidade de "trilha" eleva essa canção. Ela vem de sombria para uma intensidade que vai ganhando espaço gradativamente que nos envolve. Lembra um pouco, mas muito pouco, só no início, a Scalene do Éter. Tem uma vibe eletrônica, uns trechos diferentes que brinca com nossos sentidos. A melodia mais leve agrada.


heteronímia

Ouvindo essa música eu fiquei pensando em como a Scalene faz isso com a cabeça da gente. Não há grande diferença das músicas do primeiro álbum para esse. Mas é notável o amadurecimento dos músicos apesar disso. Parabéns especial a esse baixista criativo/maluco/perfeccionista. E esse refrão "quero resistência sem dor". Que letra!


phi - A minha preferida até aqui

Os toques agudos no piano, os solos de guitarra ao fundo, as batidas graves intensificando-se junto com a melodia das palavras. E que palavras. A letra impecável. Eu poderia dizer "inacreditável" mas a Banda Scalene sempre surpreende nesse quesito. Não é novidade, superam-se a cada álbum, a cada canção.

E com "phi" o álbum termina com gostinho de quero mais.


O álbum pode ser comprado online aqui. Faça como eu e compre, mesmo que não tenha onde ouvir, porque a banda merece! Um trabalho lindo como esse precisa ser incentivado!

E vocês podem ouvir no Scalenetube, onde eles já postaram todas os "Lyric Vídeos".

E, claro, para ouvir nas plataformas digitais: Spotify | Deezer | iTunes
Download no iTunes


E aqui, a minha favorita. O que são esses toques no piano? "perfeita simetria"




E eu já estou sonhando com a possibilidade de ter esse disco em vinil. #oremos



Pra ler mais posts relacionados, clique em #banda scalene
=P

quarta-feira, agosto 16, 2017

Resenha: Mulheres que não sabem chorar, por Lilian Farias

Essa resenha vai ser difícil, porque "Mulheres que não sabem chorar" escrito pela autora Lilian Farias levanta uma série de questões. Não é o tipo de leitura que eu costumo fazer, porque evito os temas fortes. Mas, foi um presente da autora, e fiz questão de ler, analisar, e vir aqui contar para vocês as minhas impressões.



Resenha: Mulheres que não sabem chorar


Como o nome indica, ele fala de mulheres. Histórias de pessoas. Então, esperem realidade. Não posso dizer que é um "choque de realidade" porque quem assiste TV ou lê jornal ou conversa com outras pessoas, certamente já se deparou com pelo menos uma das tragédias contadas no livro.

Duas personagens vão contando suas histórias de vida paralelamente. E ao longo da narrativa, vamos tendo contato com os dramas delas e das pessoas que as cercam. Dramas familiares, opressão social. As mulheres tem as suas vidas devastadas simplesmente por serem mulheres. É uma realidade triste.

Por ser mulher, é claro que esse tema não é novo para mim. Essa discussão está sempre rondando a minha mente. E acredito que a da maioria das mulheres. E a gente fica nessa paranoia de achar que o mundo pensa com a gente e se depara com uma declaração assim: "Pelo menos os anos 50 a vida já era melhor para as mulheres". A resposta para a pessoa em questão foi óbvia: meu amor, ser mulher HOJE ainda é muito difícil.

O livro da Lilian é sensível a causa e abusa nas cenas explícitas de violência e preconceito. E há quem pense que esse tema não é "mais" necessário, que tudo é exagero. E no livro ela fala muitas vezes: tentaram nos calar antes, vão continuar tentando nos calar. A violência sofrida pela mulher é tratada com desprezo pela sociedade, como se a culpa fosse da mulher. Aquela pessoa que sofre, que é humilhada, ela é a culpada, "No mínimo não presta", "fez por merecer".

O livro também fala de amor, e de como pessoas sequeladas psicologicamente podem destruírem-se apesar do amor. E como as pessoas podem superar todo o drama pessoal e ter uma vida. E assim é a narrativa, vai nos provocando e nos instigando a pensar mais, a refletir.

É inegável que ela é boa de juramentos, pois só agora, depois da morte da mãe, que conseguiu amar quem nasceu para amar: outra mulher.

E tem mais essa, as mulheres dessa trama descobrem o amor entre mulheres. Algumas mais cedo, outras mais tarde. E além de tudo, precisam lidar com o preconceito, com seus medos e toda questão envolvida nesse tema. Sempre que penso sobre isso, tento imaginar como seria viver sem ser eu mesma. Se me fosse tirado o direito de ser o que eu sou. É muita crueldade querer regular outra pessoa por ela não ser normatizada nessa sociedade doente. "Apenas".

A leitura flui, os parágrafos são curtos e o texto é leve, de fácil compreensão. Li em poucos dias. Mas, não é um texto fácil de digerir. Alguns capítulos foram um soco no estômago e precisei dar um tempo. É pesado, e quando penso no todo, acredito que não poderia ser diferente. Acho que a obra tem um papel importante, poucos se atrevem a tocar nesse assunto. E não podemos deixar assim. Que bom que a Lilian teve a coragem e a iniciativa de colocar essa história no papel.


Sobre a autora:


Lilian Farias é autora dos livros O Céu Está Logo Ali e Mulheres Que Não Sabem Chorar. Em seus livros ela aborda temas como sexualidade, liberdade, amor, preconceito, homossexualidade, violência sexual e alcoolismo. A escritora mantém um blog literário e está sempre bem informada sobre questões sociais que acontecem em nosso país. É defensora da tese de que todos são diferentes e merecem ser tratados com equidade. Ela adora escrever sobre temas que incomodam e diz não ter medo do preconceito.






Sinopse:


A vida de Marisa é regida pelo controle. Seja à frente do seu trabalho ou da vida dos filhos, ela é racional, mantendo-se sempre fria, um ser à parte das banalidades, cuja única preocupação é ser um exemplo. Olga é sua antítese. Sentimentos à flor da pele, dor flagelando a carne, pensamentos embaçados pelo esquecimento proporcionado pelo álcool. Sozinha, preocupa-se em apenas ser, em um mundo cercado por fatos que não reconhece mais como seus. Enquanto isso, Ana e Verônica esbarram com o acaso. Duas senhoras solitárias, vizinhas e antagônicas. Será que um dia alguém acharia que poderiam viver em paz? Mais ainda, será que poderiam se apaixonar? Duas jovens livres e independentes. O que as impede de ficar juntas? Mulheres que não sabem chorar é mais que uma história de amor entre iguais. Junto a estas personagens tão humanas, o leitor vê-se despido dos preconceitos, pudores e medos. Ora crua, ora poética, a trama nos obriga a enfrentar o espelho e se ver como nunca imaginou antes. Pois ao mergulhar neste romance, o que fará você
pensar não é a forma como vê o amor, mas sim a forma com que ele se volta em sua direção. Esteja preparado.

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quarta-feira, agosto 02, 2017

Resenha: Neuromancer, por William Gibson

Mais do que uma resenha, vou neste post vou falar um pouco sobre o que esperar de Neuromancer, quem é William Gibson e o que é a trilogia do Sprawl.




O que esperar de Neuromancer


A obra de William Gibson praticamente inaugura o termo Cyberpunk, um sub gênero de Ficção Científica, quando o termo era bastante desconhecido, a ponto de nem o autor saber se era esse gênero mesmo que ele tinha escrito. Publicado em 1984, o livro tem uma linguagem suja, futurista e cheia de termos e jargões próprios. 

É um desafio e tanto imaginar todo o universo que ele constroi ao longo da história. Tudo é novo, diferente e tem nomes próprios. Nem a organização das cidades do mundo são as mesmas, o dinheiro quase não existe fisicamente. E se isso é difícil de conceber para quem vive em 2017, imagine o que foi o lançamento desse livro nos anos 80? Isso é o que torna essa obra única!

Então, a primeira coisa que se precisa entender ao mergulhar nesse universo, é que o início vai ser meio truncado até ajustar as ideias e passar a compreende-lo melhor. Vale dizer que não se trata de um livro mal escrito, mas escrito em de uma forma diferente, sobre coisas com as quais não estamos habituados. E quem gosta de ficção científica (raiz), não tem como não gostar.


Como cheguei ao Neuromancer


A primeira notícia que tive do livro foi nas aulas de Cibercultura na faculdade. Sempre achei que aquelas aulas não tinham servido para muita coisa. Mas, no fim, o professor falava tanto desse livro, de cyber punk e da questão da libertação do corpo e do homem pós-moderno, que algum conhecimento despertou minha curiosidade e me fez (anos mais tarde) recuperar essa obra. Se tivesse lido naquela época talvez as aulas do Rüdiger tivessem sido melhor aproveitadas.



Quem é William Gibson?


Gibson cunhou o termo "ciberespaço", em seu conto Burning Chrome e posteriormente popularizou o conceito em seu romance de estréia e obra mais conhecida, Neuromancer, que é o primeiro volume da aclamada trilogia Sprawl.

O autor idealizou o que conhecemos como ciberespaço como conhecemos hoje (isso explica porque conheci ele em uma disciplina de cibercultura), idealizou ambientes virtuais utilizados em games, e seus conceitos e ideias influenciaram diretamente a trilogia cinematográfica Matrix, de autoria das Irmãs Wachowski. E este é outro bom motivo para ler Neuromancer: quem gosta de Matrix, precisa ler.


O que é o Sprawl?


Sprawl é nome dado à megacidade composta pela junção entre todo o terreno urbano existente entre Boston e Atlanta, incluindo Nova York e Washington, nos Estados Unidos. Por isso, também é conhecido pelo nome de BAMA (Boston-Atlanta Metropolitan Axis, ou seja, Eixo Metropolitano Boston-Atlanta). 

Para terem uma ideia essa informação está no glossário que encontrei nas últimas páginas do Neuromancer. Além dessa palavra, várias outras estão nesse glossário para facilitar/assustar os leitores.

A trilogia do Sprawl é, por tanto, o nome dado ao conjunto de três livros: Neuromancer, Count Zero e Monalisa Overdrive. Histórias diferentes (até onde li de Count Zero) independentes, todas acontecendo no universo criado por Gibson, o Sprawl.


E, finalmente a resenha de Neuromancer


Quando li "Admirável mundo novo", por Aldous Huxley, esperava me surpreender como fui surpreendida em Neuromancer. E agora posso explicar melhor porque daquela resenha amarga escrita antes (leia aqui). A obra escrita muito tempo atrás, sem noção do que viria a se tornar o mundo da ficção científica pode se tornar obsoleta. Como acredito que aconteceu em "Admirável mundo novo". Tudo é espetacular, mas as invenções de lá pra cá são tão mais surpreendentes, que ficamos com a análise dos personagens, do enredo, e isso é fraco. 

Em Neuromancer, também uma distopia futurista, o mundo é outro, bem construído, descrito em detalhes (muitos detalhes). Mistura coisas que temos hoje com outras muito ultrapassadas, que até poderiam não fazer sentido. Mas, estamos observando esse universo sob a perspectiva de quem está à margem da sociedade, roubando tecnologia (na maioria das vezes). Isso explica alguns equipamentos e improvisos. Sempre se tem a possibilidade de do lado rico a realidade ser diferente. E de fato é. Estou vendo isso na sequência, Count Zero.

O enredo é até simples: Cage, um "cowboy" do ciberespaço e hacker da Matrix que, após tentar enganar seus patrões, é demitido e afastado da vida de cowboy para sempre. Como punição pelo seus atos a empresa injeta nele toxinas que o impedem de acessar o mundo virtual. Ele vive em Tóquio numa vida de merda, cometendo pequenos crimes para sobreviver, até que se envolve numa empreitada esquisita e perigosa.

A forma como William Gibson conta essa história é bastante envolvente. Narrada em 3ª pessoa, cheia de diálogos e descrições bastante realistas (algumas parnasinistas até) que nos aproxima dos fatos dando vida aos personagens. Há bastante descrições dos cenários, o que nos permite "ver" os ambientes, a experiência de imersão é muito boa. Quando terminou eu queria ler tudo de novo.

É bom avisar que o livro tem um milhão de personagens, todos bem caracterizados, e isso bagunçou um pouco as minhas ideias. Eu tenho dificuldade para gravar nomes e, como o texto já trás uma infinidade de palavras novas, muitas vezes eu me perdi. Algumas partes eu tive que ler mais de uma vez, às vezes voltava no início para conferir um nome. 

O ambiente virtual é bem confuso, Cage fala com IAs que se passam pelos personagens, menciona os equipamentos, nome de empresas. Mas, nada que uma leitura bem atenta não dê conta de entender e se entreter!

Como eu disse antes, quem gosta de ficção científica, universo cyberpunk, Matrix, inteligência artificial, vai gostar muito desse livro. Pra mim ele foi perfeito. 

E tem a edição nova da Editora Aleph. Um à parte nessa história. Os livros da trilogia são lindos, tamanho ideal, páginas amarelas, cheio de tinta cheirosa (vício). 




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=P

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