sábado, setembro 22, 2012

Os Festejos Farroupilhas e toda ironia que há


Os cultuadores da semana farroupilha a denominam como uma "saga", que marca uma revolução (elitizada) iniciada pelo aumento na taxa de exportação do charque, insumo essencial para a fabricação do charque. Foi a mais longa revolta civil do Brasil, ok! Mas, a revolução foi perdida. Sim, eles conseguiram negociar alguma coisa, mas perderam. E desde 20 de setembro de 1835, "comemora-se" a guerra(?) dos farrapos sob o pretexto de enaltecer o orgulho gaúcho (conhecido no resto do país como arrogância) e cultuar as tradições, dentre elas: as vestimentas, costumes, o churrasco, e as "lidas" dos pampas.

Eu sou do sul, cresci aprendendo que tudo isso era muito legal, e meio que fui reproduzindo todas esses hábitos. Mas, com o amadurecimento, e com os maravilhosos professores de história que cruzaram o meu caminho, o posicionamento crítico começou a surgir. Hoje se falo numa roda de gaúchos o que realmente vejo nessa função toda, corro o risco de ser alvo de desprezo. Mas eu sou daqui, e teria desprezo semelhante se contasse um pouco do que penso sobre tudo isso para "não gaúchos". Isso se deve ao meu perfil questionador, reflexivo. 

Não concordo com a reprodução das "lidas dos pampas", principalmente as que envolvem os maus tratos aos animais - É claro! Mas adoro uma roda de chimarrão, e ao mesmo tempo acho nojento a bomba que passa de boca em boca! Não curto esse "culto" às tradições que cega as pessoas, inflama os sonhos dos separatistas, e separa pessoas daqui do resto do país. Não somos melhores em tudo, estamos bons(será?) de discursos, mas muito fracos em ações. Politicamente inexpressivos, profissionalmente "rasos", moralmente medianos, exageradamente preconceituosos com esse orgulho exacerbado e sem sentido.

No hino riograndense (sim todos sabemos o hino estadual e isso é legal - e só) diz "Mostremos Valor constância" e onde, em que momento, de que forma, estamos mostrando o nosso valor? Era para as nossas façanhas "servirem de modelo a toda terra" e onde estão elas afinal? Onde estão nossas virtudes (como povo)? Será que incluía aí o discurso separatista? Se o estado não virou nação, deveria fazer do Brasil o país melhor e mais justo, deveríamos brigar bravamente por ele, não?

Não acho que o nosso céu tenha um azul mais celeste em todo o mundo, nem que temos o pôr do sol mais sensacional. Mas sou daqui, e gosto mesmo deste lugar, a ponto de querer vê-lo melhor. Para que todas as pessoas que amo, família, amigos, amor e gatinha, possam viver feliz, em harmonia.

Acho linda essa tradição simbolicamente falando, como não poderia deixar de ser (para uma nativa) gosto da ideia de ter CTGs, da imagem (imagética/visual) do gaúcho, das meninas vestidas de prenda, dos meninos pilchados, de tratar as pessoas por "tu", de chamar "lama" de barro, "mexerica" de bergamota, de chamar cachorro SRD de guaipeca, de tomar um chimas no parque, ou em qualquer outro lugar que estiver afim, de chamar "semáforo" de sinaleira, e por aí vai. Mas nada disso diz quem eu sou, meu caráter, muito menos dignifica as demais pessoas que nasceram e que vivem a cultura deste estado. 
Mas que é tri, bah isso é!  

=P

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